Nos anos de 1920 já havia propostas documentadas para expansão de bibliotecas em bairros da cidade, que apesar de não terem sido executadas, revelam a existência de um projeto de crescimento cultural da rede para a periferia de São Paulo.

O primeiro registro se refere a um projeto escrito por Eurico de Góes, primeiro diretor da Biblioteca Pública Municipal, sobre a criação de Bibliotecas Populares em bairros operários, baseado no modelo inglês, e pautado em sentimentos humanitários, cujos propósitos almejavam o desenvolvimento cultural do operariado.

Em 1925 a Biblioteca da Câmara Municipal de São Paulo abre seu acesso ao público, e já no ano seguinte se instala na Rua 7 de Abril como Biblioteca Pública Municipal. Em seu Regulamento, datado de 12 de janeiro de 1926, se lê que assim que a Biblioteca Central estivesse funcionando, seriam estabelecidas salas populares de leitura ou bibliotecas circulantes nos principais bairros operários da cidade. 

Em 14 de agosto de 1927, o jornal Diário Nacional divulgou o projeto do advogado Spencer Vampré sobre a criação das Bibliothecas Circulantes, no qual a proposta, acessível ao povo dos bairros operários de São Paulo, surgiria sob regulamentação do poder público. Elas emprestariam as obras mediante caução que não poderia exceder o valor por volume estabelecido em 20$000 (vinte mil réis). Essas cauções seriam feitas no tesouro municipal que expediria um certificado dando direito a retirada dos livros.

A lei de nº 3.097, de 28 de setembro de 1927, assinada pelo prefeito José Pires do Rio, criou as bibliotecas circulantes que seriam instituídas nas sedes das subprefeituras, e, nos bairros operários onde estas não existissem, o prefeito confiaria o serviço a uma sociedade civil com sede no bairro e que se reputasse idônea.

Essa proposta não foi executada. Conforme explicou Eurico de Góes, em entrevista concedida ao Jornal do Estado, em 4 de março de 1933, a prioridade foi a construção de um prédio para a instalação da biblioteca principal da cidade. Só depois as sucursais seriam estabelecidas nos bairros operários do Brás, Belenzinho, Mooca, Ipiranga, Vila Mariana, Pinheiros, Bom Retiro e Santana.

É importante recordar que o escritor Mário de Andrade, à época, também pensava sobre a organização de um departamento para a área de cultura. Entre os anos de 1926 a 1931 um grupo de intelectuais, composto por Mário de Andrade, Sérgio Milliet, Rubens Borba de Moraes e Antônio de Alcântara Machado, reunia‐se para discutir sobre a criação do que veio a ser o Departamento de Cultura.

Paulo Duarte preparou um anteprojeto no qual esboçava um sistema formado por parques infantis, restauração e publicação de documentos históricos, teatros, bibliotecas, discotecas, entre outros; este anteprojeto foi encaminhado a vários outros intelectuais da época para conhecimento e sugestões.

Com as propostas incorporadas, Mário de Andrade, Paulo Duarte e Paulo Barbosa de Campos redigiram o projeto final do Departamento de Cultura.