Se nos anos de 1920, as expressões Sala de Leitura Populares ou Bibliotecas Circulantes eram utilizadas nos documentos que planejavam a futura rede, termos como Bibliotecas Populares ou Livrarias Populares, ganham artigos na imprensa paulistana nos anos de 1930.
Em 21 de abril de 1933, nos atos do interventor Federal de São Paulo Waldomiro Castilho de Lima – atos que instituíram o código de educação estadual – os serviços de extensão cultural, especialmente aqueles voltados aos meios proletários, referiam-se ao seu desenvolvimento por meio da disseminação de hemerotecas e bibliotecas populares. A partir desse período, a instalação de bibliotecas aparece ligada a propostas de se educar a população e de se aumentar seu conhecimento cultural.
No Ato nº 861 de 30 de maio de 1935, consolidado e modificado pelo prefeito Fábio Prado através do ato nº 1.146 de 4 de julho de 1936, é criado o Departamento de Cultura e Recreação do Município de São Paulo, que teve Mário de Andrade como primeiro diretor. Em sua estrutura são criadas cinco Divisões, entre elas a Divisão de Bibliotecas, denominação que permanece até ser substituída em 1975 por Departamentos de Bibliotecas. Eurico de Góes, mantido inicialmente como diretor dessa divisão, será substituído posteriormente por Rubens Borba de Moraes.
Sob responsabilidade da Biblioteca Pública Municipal, a Divisão de Bibliotecas adquiriu automóveis que, em 1936, literalmente circulavam com o acervo pelas ruas da cidade, inovando a biblioteca circulante. A proposta era de que, com o tempo, essa demanda fosse substituída pela construção de bibliotecas populares em bairros operários.
A inovação proposta pelo Departamento de Cultura para os bairros, e que não foi executada, seria que bibliotecas populares e infantis funcionariam dentro de um complexo cultural na forma das Casas de Cultura, como um espaço de reunião e debate das comunidades sobre seus problemas, nos quais pudessem interferir de forma ativa.
Para a futura rede de bibliotecas de bairro, uma importante novidade foi o plano que deu origem às bibliotecas infantis. A experiência acumulada de Lenyra Fraccaroli, ao organizar a Biblioteca Escolar Infantil do Instituto Caetano de Campos, fundamentou, com o apoio de Mário de Andrade, a criação da primeira Biblioteca Infantil Municipal em 1936, moldando o conceito da rede que posteriormente emergiria para atender exclusivamente o público infantojuvenil. Assim, foi instalada a unidade que futuramente levaria o nome de Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato.